segunda-feira, 26 de abril de 2010

MALDIÇÃO

Creias ou não, naquilo que acontece, haverá sempre outro poder ou talvez a maldição, que por vezes te embrutece te atascanha te remoe, te desmerece e te leva a pensar que, a culpa que ninguem quer não a possas esconjurar, por no passado haveres tido algo mau a censurar. Por não teres feito somente aquilo que deverias ou feito talvez demais, em loucas cogitações, ansiadas e pedidas, a Deus, com ambas as mãos. Será por isso, não sabes, nem nunca o irás saber, mas não te sai da cabeça que pode muito bem ser.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

DE LESTE

Nos Caminhos percorridos na imensidão do vento, sentes os passos perdidos na procura dos sentidos que te roubaram o alento. Vislumbras então sem querer que algo se aproxima, devagar devagarinho, tão quieto, de mansinho, trazer-te a vida perdida e que julgavas já não ter. Levantas assim a cabeça, olhas para todo lado e vês que já não estás sózinho, encontras-te acompanhado, pela vida que ainda tens pelo sangue que ainda corre e talvez por mais alguem que pelo canto do olho de mansinho ainda te olhe. Sentes-te revigorar, olhas mais longe que outrora e começas a olhar para o que se passa lá fora, lá longe do teu casulo onde te fos-te embrenhar. 

sexta-feira, 9 de abril de 2010

SÁBADO

O dia mais esperado, aquele porque se anseia uma semana inteira de labuta de canseira, de azáfama correria. Chegado, porque não é, aquilo que se queria, que se sonhou noite e dia? Transforma-se em nostalgia a grande parte do dia. A canseira semanal mostra-se assim tão igual que procuras esquecer tudo o que te fez sofrer, nessa correria infernal. Tudo o que planearas, querias fazer, pensaras, acabas por ver então que mais não é que pura desilusão. Ou porque os filhos não estão, ou a estarem, logo vão, e tu pobre criatura jamais consegues fugir à desesperante solidão de te veres mais uma vez preso àquilo que não queres, pensando que noutra vez poderá então ser diferente, sabendo de antemão que o não será certamente.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

ALMEJANDO

Incessantemente, procurando sem parar, dás por ti a todo o momento, relembrando o antigamente, bem sabendo que há muito, deixou de ser o presente e só pode sufocar o que mais queres ver nascer. Procuras ir mais além, saltando os infortúnios, ansiando por alguem que te empurre, que te ajude que te faça ver tambem que em todos os caminhos, por mais pedras que apareçam, lá hão-de surgir tambem por mais pequenos que sejam estreitos carreiros prontos a deixar seguir caminho. É por esses que penosamente vais, sabendo que de momeno não podes almejar mais

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Por esse mundo correste ao sabor de leve brisa, não foi pouco o que sofreste mas contudo bem soubeste, que chegado aquele momento terias sempre o alento da recepção desejada. Sempre foras esperado e como um bom pai tido, que partira umicamente em busca do duro pão quantas vezes bem suado. Quantas noites tão sozinho, num desses quartos de hotel o teu filho pequenino que de tanto te lembrar fazias apenas disso, o teu mais frugal jantar. Adormecias assim, sabendo que em alguns dias, de novo regressarias para junto da mulher, que te esperava ansiosa, louca de cega paixão contando todos os dias pelos seus dedos da mão.

Partida

Custa-me partir. Esquecer o meu passado. Sentir que muito do meu esforço, jamais foi apreciado. Mais custa ainda saber que levas cheio o coração, não de esperança e amor mas de dor, desolação. Por não ser normal partir mas fuga do teu real mais custa ainda saber que, por mais longe que estejas, em inóspitas paragens sentirás em teu redor que não queres o que fizes-te e nem sabes o porquê, dessa decisão tomada, se forçada...se pensada. Que sem história não és nada, deambulas na corrente, por mais que queiras esquecer tudo o que te atormente. Em cada esquina verás resquicios do teu passado, que te atormentam o presente, esse mundo desvairado, tantas vezes mesmo até, pior que isso, alucinado. Por mais que tentes, em vão, apagar do teu passado, décadas de solidão e de amor e de paixão,hás-de sempre ver, então, o que de pior fizes-te quer tu o queiras ou não. Sentirás aquele piquinho da saudade tão querida que na dor te quererá fazer regressar ao ninho